Minha avó sempre dizia (mentira, nem dizia): o dia em que plantamos a semente não é o dia em que comemos a fruta. Mas é um bom ensinamento de vó.
Se tem uma coisa que acredito estar do outro lado da sala onde habita a criatividade é a pressa. Fazer novas conexões leva tempo – mais devagar pra uns, mais rápido pra outros, mas sempre leva tempo.
A gente é inundado com as criações alheias o tempo inteiro, o que dá a sensação de que estamos ficando pra trás, como se não tivéssemos o direito de desacelerar pra criar algo nosso.
Imagina nossos avós ou mesmo nossos pais, numa era pré-internet: nenhum deles tinha um dispositivo no bolso pra avisar o quanto estavam demorando com algo. A relação com o tempo era diferente porque a relação com o outro era diferente.
Talvez seja exatamente essa diferença de ritmo que torne a criatividade tão escassa hoje (ou traga a sensação de escassez). Ao vivermos numa era de notificações constantes e atualizações rápidas, acabamos achando que nossa própria velocidade deveria acompanhar o ritmo digital.
Aliás, quase nada deveria acompanhar o ritmo digital!
E a criatividade, obviamente que não trabalha com essa urgência. Ela gosta de morar no intervalo, de explorar o espaço onde as ideias podem germinar aos poucos, de correr pra cá e pra lá.
Criar é um processo vivo, e como uma plantinha, exige tempo para crescer. Quando tentamos apressar, o risco é colher uma ideia que ainda não amadureceu. Ver a criatividade como uma árvore nos lembra que todo ciclo tem seu tempo – e que o valor não está na velocidade, mas na profundidade.
Deixar um projeto florescer é também um exercício de confiança, de se permitir estar fora do ritmo imposto pelo tempo em que vivemos. Criar sem pressa é dar espaço para que algo realmente original e nosso ganhe forma. No final, o melhor conselho acaba sendo mais um ditado de vó: “Quem espera, vê florescer."
Obs: o único bordão que lembro da minha avó era “Não quer pão, come merda.”
Falando em pão, quem é assinante pago, recebe a news semanalmente e não a cada 15 dias como os meros mortais. ✨ É o precinho de um pão com bolinho por mês. 🍞
EXERCÍCIO CRIATIVO 🧠
Christoph Niemann, por exemplo, defende o uso de cadernos de esboços como laboratórios para ideias mais cruas, onde o importante é explorar, sem a necessidade de finalizar.
Que tal um caderno específico que te desobrigue e até proíba de ter ideias finalizadas?
Reserve um momento no dia para explorar ideias sem a pressão de concluí-las. Isso pode ser por 15 minutos diários.
Anote ideias livres, até as mais “bobas”. A ideia aqui é rascunhar conceitos, pedaços de ideias ou conexões inesperadas que vierem à cabeça. Não se preocupe com a “utilidade” delas, apenas vá colecionando coisas da sua cabeça.
Revisite periodicamente (essa é a parte legal da história) – Semanalmente ou mensalmente, releia as ideias e veja o que pode ter se transformado. A paciência ao revisitar esboços antigos costuma trazer novas inspirações e caminhos.
Essa prática reforça a ideia de que as ideias não precisam ser finalizadas de imediato. Ao mesmo tempo, treina a paciência e o olhar para perceber o potencial de algo que, de início, parecia incompleto.
Ó PRA LI! 👁
Crie seu própria nota de resgate automaticamente 😋
Arte na casquinha do ovo.
Achei sensacional a Boticário repensar seus pincéis e torná-los acessíveis.
A V Mostra Pankararu de Música, que começa amanhã - 14 a 16 de novembro na Aldeia Bem Querer de Cima, no Território Indígena Pankararu, celebra a tradição e a cultura do seu povo. 😍
A tristeza de saber que umas das animações mais bonitas dos últimos anos não teve sua segunda temporada renovada. 😥 Scavengers Reign!
Ditado da minha avó: "boca falou, cu pagou".
Ótimo texto!
gosto quando escrevem sobre o tempo das coisas e da importância do processo, até por uma questão de gratidão.
esses dias fiz um longo jejum pra ajudar a me desintoxicar de umas coisas e durante esse caminho percebi o tempo mais lento, só de ter prestado atenção em coisas que fazia no automático.
saber que só floresce quando chove é lindo. ( e as vezes demora pra chover mesmo)